Unesco discute diversidade e “borogodó” em maior evento de marketing da América Latina

Ao longo de três dias, de quarta-feira (26) a sexta-feira (28), em Florianópolis (SC), o maior evento de vendas e marketing da América Latina reuniu players, personalidades e entidades importantes, com foco na diversidade. Organizações como a Unesco se uniram no chamado Parque Unesco, uma área com mais de 800 metros quadrados dentro do evento, onde profissionais de destaque na transformação criativa se reuniram.
“Queremos valorizar profissionais que usam a criatividade como uma ferramenta profissional. Afinal, essa diversidade criativa, esse ‘borogodó’ brasileiro, é o cerne de tudo”, diz Alex Lima, líder Brasil Unesco-SOST Transcriativa. Para ele, “sem essa mistura de bagagens, aspectos culturais, inteligência e pessoas… sem pluralidade, tudo será mais do mesmo e seguirá o mesmo padrão”.

A edição deste ano do RD Summit, que reuniu mais de 12 mil pessoas presencialmente, enfatizou esse “borogodó”, que representa a valorização da criatividade brasileira, e colaborou com parceiros como a Unesco e Profissas para trazer mais diversidade e pluralidade ao evento.
“Queremos trazer mais pluralidade para construir uma linguagem mais inclusiva e diversa na área de marketing e vendas. Isso é fundamental para os negócios. Sem pluralidade, sem diversidade, os negócios deixarão de existir. Isso é essencial para continuar expandindo e crescendo”, explica Victor Lambertucci, CEO da Profissas, uma consultoria que ajudou na curadoria do evento, trazendo perfis mais diversos para o palco.
Uma dessas pessoas é Noah, um homem trans, pardo e neurodiverso, pai de uma filha e pai de outra. Ele é CEO do EducaTRANSforma, o primeiro agente nacional de capacitação gratuita e consultoria em empregabilidade para pessoas transgênero em tecnologia e inovação.
Para ele, é importante que pessoas diversas estejam representando esse protagonismo em eventos e que não sejam exclusivamente para falar de diversidade e inclusão.

“O público deve entender que será comum ver pessoas com diversos marcadores sociais – pessoas diversas trazendo sua perspectiva de vida e as questões nas quais se orgulham de trabalhar”, disse Noah.
A jovem ativista climática Amanda Costa também faz parte das vozes diversas do evento. Jovem embaixadora da ONU (Organização das Nações Unidas), delegada do Brasil na Cúpula da Juventude do G20, ela destaca a importância de “escurecer” o debate ambiental.
“Não podemos mais falar de ESG sem ter pessoas negras, de áreas periféricas, com um microfone na mão e em cargos de decisão”, complementa a ativista, afirmando que o mercado precisa avançar com a representação negra em posições de liderança. Ela destaca que é necessário ter mais negros em cargos de decisão.

Para Victor Lambertucci, da Profissas, é importante entender que falar de diversidade é falar da diversidade humana.
“Nosso maior desafio é que a maioria das pessoas tende a achar que diversidade se trata dos outros, não de nós. Todos fazemos parte do que chamamos de diversidade, mas é necessário reconhecer nossos grupos, vozes e que alguns grupos precisam de ações afirmativas para terem oportunidades iguais”, diz.
Por isso, é importante debater a diversidade em um evento de marketing e vendas, para que possamos continuar a desafiar o sistema de privilégios.
“As campanhas ainda são pouco representativas e precisam ser mais diversas em sua natureza”, concluiu.